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O metrônomo, suas vantagens e desvantagens

Quem nunca odiou um metrônomo?

Esse aparelhinho parece que tem como principal função mostrar para nós mesmos que não tocamos tão bem como achamos.

Na minha vida de musico, tive momentos memoráveis com esse medidor de tempo. Tanto na minha época de amador como em situações profissionais. Eu odiava o metrônomo. Tinha mil desculpas preparadas para explicar que “isso não servia para nada”, pois matava “o lado humano da música”, “transformava a arte em algo enlatado”, “matava a sensação de ‘verdade’ de dentro da música”.

Como desde pequeno eu sempre gostei da parte técnica de áudio, todas as vezes que alguma banda que eu tocava queria gravar alguma demo, eu me oferecia para registrar e mixar. Com isso, gravava tudo da minha manera, ou seja, sem metrônomo.

Ou fazia a banda gravar a base rítmica – guitarra, baixo e bateria – ao mesmo tempo, sem metrônomo “para soar mais orgânico”, ou eu aproveitava alguma gravação de algum ensaio e usava como guia para gravar a bateria. E os restos dos instrumentos gravavam depois, escutando a bateria já gravada. Não é uma opção ruim… se fizer bem e tiver algo de sorte, funciona. Mas não é a opção ideal para todas as situações.

Se eu não gostava de gravar com metrônomo, odiava ensaiar com ele. E também não estudava com metrônomo. Na verdade, não estudava nunca. E às vezes me encontrava com situações super difíceis: ir gravar bateria com alguma banda de algum amigo, em um estúdio profissional, com técnicos de gravação profissionais, e produtores. E em quase todas essas situações, era impossível fugir do metrônomo. Teria que gravar escutando a maquininha, não tinha opção.

 

 

Chegava no estúdio com cara de calmo, tranqüilo, como se eu fizesse isso todos os dias. Mas na verdade, por dentro, estava sempre super nervoso. Gravava o que fosse necessário, escutando o maldito metrônomo, e sempre saía dessas sessões com a mesma sensação: toquei mal. Não me senti nada confortável. Quando eu toco sem metrônomo sempre me sinto mais confortável e, por conseqüência, toco melhor. A culpa é do metrônomo!

E o tempo passou…. o baterista amador que achava que tocava bem começou a se encontrar em situações profissionais… e a história mudou bastante. Comecei a escutar criticas e sugestões de outros músicos e diretores musicais. E para minha surpresa, a maioria dessas críticas não eram sobre que tipo de frases e viradas eu fazia. Ninguém nunca me comentou nada sobre a quantidade de notas que eu poderia tocar em tal velocidade, ou pediu para usar “gospel chops” e etc. Me falavam sobre uma unica coisa: sobre o tempo. Sobre ter um tempo constante, forte, firme.

Minhas teorias e desculpas para não utilizar o metrônomo foram todas por água abaixo. Tive que tomar uma decisão: seguir acreditando naquelas desculpas de sempre, ou escutar a opinião de profissionais com muito mais experiência que eu. Fiz o correto: escutar e pensar no assunto. Analizar as razões pelas quais me falavam sobre isso.

Cheguei à algumas conclusões óbvias, e me dei conta que todas essas teorias que eu tinha sobre o metrônomo eram, na maioria, desculpas de um preguiçoso que não queria estudar. E maquiavam o medo que eu tinha de me dar conta que eu não era um bom baterista. Não para situações profissionais.

Desde então, minha relação com o metrônomo mudou completamente. E, junto com isso, minha relação com os estudos musicais também mudaram, ou melhor, começaram a existir.

O metrônomo passou de ser meu inimigo para se tornar meu melhor amigo. Comecei a estudar todos os dias, e sempre com a companhia dessa maquininha simpática. No início pode ser difícil… ter algo que todo o tempo te obriga a estar atento… Mas pouco a pouco fui me acostumando. E mais que isso, me sentindo muito confortável estudando e tocando com ele.

Com o tempo, notei na prática que eu estava com uma consistência muito maior nos andamentos das músicas, variando muito menos de tempo do que fazia antes. Também experimentei fazer ensaios e shows utilizando o metrônomo com algumas bandas. E o resultado foi muito bom.

Hoje sei que sou muito melhor baterista do que eu era antes de fazer as pazes com o metrônomo. Ele se tornou meu companheiro, e me dá uma espécie de segurança, tanto tocando como estudando. Quando entro para gravar em um estúdio em cima de um metrônomo, agora, me sinto muito mais confortável do que se não tivesse esse click ali. Já não uso desculpas em contra do metrônomo. Não preciso mais delas.

Bueno, uma delas, às vezes, ainda uso. É a única que tinha um fundo de verdade, dependendo da situação: dependendo do estilo musical e da intenção da gravação, sim que é melhor gravar sem o metrônomo, e permitir que, naturalmente, o tempo da música tenha alguma pequena variação. Pequena. Quase imperceptível, ok?

Existem muitas maneiras de trabalhar com o metrônomo. Muitas delas não precisam de baquetas nem de bateria. No video abaixo, um bom exemplo.

1000 play alongs de bateria

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5 Comentários
  1. 1 de abril de 2021
  2. 11 de maio de 2016
  3. 21 de setembro de 2015
  4. 27 de agosto de 2015
  5. 27 de agosto de 2015

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